quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A América Latina Precisa Reduzir A Pobreza Para Impulsionar O Crescimento

Washington, 14 de fevereiro de 2006 – Os países da América Latina precisam combater a pobreza de modo mais agressivo, se quiserem promover um maior crescimento e competir com a China e outras economias asiáticas dinâmicas, afirma um novo relatório do Banco Mundial lançado hoje.

De acordo com o relatório Redução da Pobreza e Crescimento: Círculos Virtuoso e Vicioso, embora o crescimento seja um fator importante para a redução da pobreza, esta impede que sejam atingidas taxas de crescimento elevadas e sustentadas na América Latina, que se mantém como uma das regiões com mais alto nível de desigualdade do mundo, onde cerca de um quarto da população vive com menos de US$2 ao dia.

Enquanto as taxas de crescimento per capita anuais da China se mantiveram próximas de 8,5% entre 1981 e 2000, reduzindo a pobreza em 42 pontos percentuais, o PIB per capita da América Latina caiu 0,7% durante os anos 80 e aumentou cerca de 1,5% ao ano na década de 90, sem apresentar mudanças significativas nos níveis de pobreza.

“O desempenho econômico da América Latina nas últimas décadas tem sido decepcionante, e a região ficou para trás em relação às economias asiáticas dinâmicas”, afirmouPamela Cox, Vice-Presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe.“Entre outros fatores, a própria pobreza está dificultando o crescimento da região e, a menos que os entraves que afetam os pobres sejam abordados, será difícil alcançar um forte crescimento.”

Segundo o estudo, preparado pelos economistas do Banco Mundial Guillermo Perry, Omar Arias, Humberto Lopez, William Maloney e Luis Serven, uma queda de 10% nos níveis de pobreza, se outros fatores permanecerem iguais, poderá gerar um aumento de 1% no crescimento econômico. Por sua vez, uma elevação de 10% nos níveis de pobreza reduzirá as taxas de crescimento em 1% e de investimento em até 8% do PIB, especialmente nos países com sistemas financeiros menos desenvolvidos.

Isso ocorre porque os pobres, que geralmente não têm acesso a crédito e a seguros, não estão aptos a participar de muitas das atividades geradoras de renda que estimulam o investimento e o crescimento – criando assim um círculo vicioso no qual o baixo crescimento leva a um alto nível de pobreza que, por sua vez, resulta em um menor crescimento.

As regiões pobres que não dispõem de infra-estrutura, por exemplo, deixam de atrair investimentos. As famílias de baixa renda, com acesso a escolas deficientes e altos custos de oportunidade, investem menos do que o necessário na educação de seus filhos. Os países pobres, sem possibilidade de reduzir as disparidades de renda, enfrentam o aumento das tensões sociais, o que por sua vez dificulta o desenvolvimento de um clima saudável para negócios.

“Para transformar um círculo vicioso em virtuoso, precisamos iniciar um amplo ataque à pobreza, que leve a um maior crescimento e, por sua vez, reduza a pobreza”, salientou Guillermo Perry, Economista-Chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe. “O combate à pobreza não é bom somente para os pobres, mas também é um bom negócio para toda a sociedade.”

O estudo assinala que uma estratégia de redução da pobreza voltada para o crescimento deveria ter como objetivo melhorar a qualidade da educação, expandir a cobertura do ensino médio e universitário, e estimular o investimento em infra-estrutura, com o objetivo de beneficiar as regiões menos desenvolvidas e ampliar o acesso dos pobres aos serviços públicos.

Além disso, essa estratégia precisa ampliar o acesso ao crédito e aos serviços financeiros, manter a estabilidade macroeconômica e implementar políticas sociais eficazes, como os programas de transferência condicional de renda, que fornecem dinheiro para famílias pobres, contanto que mantenham seus filhos na escola e os levem ao médico. Alguns exemplos desses programas são o Bolsa Família, no Brasil, Oportunidades, no México, e Familias en Acción, na Colômbia.

O relatório assinala que as estratégias dirigidas à redução da pobreza são particularmente importantes para complementar as políticas voltadas para o crescimento, como a liberalização do comércio, que são essenciais para o crescimento e a redução da pobreza no longo prazo, mas que podem provocar efeitos negativos sobre a pobreza e a desigualdade no curto prazo.

“Os benefícios do comércio podem ser muito ampliadosse os países complementarem seus acordos comerciais com investimentos nas áreas de educação, infra-estrutura e transferência condicional de renda para as regiões e trabalhadores rurais pobres, que poderão ser afetados durante a transição”, afirmou Perry.

Para buscar uma estratégia de redução da pobreza que favoreça o crescimento, o estudo recomenda que os países tornem inicialmente mais eqüitativos os seus programas de gastos públicos, dirigindo-os às pessoas que realmente precisam deles, em vez de gastar os recursos subsidiando programas para os mais abastados, como no consumo de energia, aposentadorias, pensões e universidades públicas. Além disso, os países precisam melhorar a eficácia de suas políticas públicas e, na maioria dos casos, aumentar a arrecadação de impostos, por meio de sistemas tributários que minimizem os efeitos adversos sobre os investimentos.

“A transformação do Estado em um agente que promova a igualdade de oportunidades e pratique uma redistribuição eficiente da renda talvez seja o principal desafio enfrentado pela América Latina na implementação de melhores políticas que, ao mesmo tempo, estimulem o crescimento e reduzam a desigualdade e a pobreza”, indica o relatório.


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Acessado em 24/08/2009

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